Numa sociedade neo-liberal em que as empresas homenageiam cada vez mais o empregado do ano pelas suas capacidades, competências, empreendedorismo e “virtuosismo” (no trabalho imaterial da era pós-fordista - utilizando o conceito desenvolvido por Paolo Virno), questionamo-nos sobre o efeito desta constante avaliação na grande massa crescente de desempregados na sociedade portuguesa e não só. A avaliação actúa corrosivamente na auto-estima de uma pessoa que perde o seu emprego, ou que nunca o teve, fazendo-a questionar-se sobre o seu lugar e função na sociedade.
O que propomos no “Monumento ao Desempregado do Ano” é a construção colectiva de um espaço de visibilidade da realidade que mais fere o nosso país na actualidade. Para isso pretendemos convidar pessoas desempregadas a participar como estátuas vivas colocadas numa plataforma/pódio/pedestal, elevando a sua situação a obra de arte, “homenageando-a” com um monumento.
Reapropriando-nos de estratégias já utilizadas por vários artistas - por exemplo Magic bases de Piero Manzoni; Gilbert & George e as suas Living Sculptures; Social Sculptures de Joseph Beuys e mais recentemente Rirkrit Tiravanija; performances de grande escala com os collective social bodies de Suzanne Lacy; To Raise the Water Level in a Fishpond e My America de Zhang Huan, e o actual projecto One & Other de Antony Gormeley – pensamos que faz todo o sentido problematizar desta forma a nossa realidade social, política e económica.
Pretendemos mobilizar um grande número pessoas, criando assim um monumento vivo de uma força impressionante.
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